quarta-feira, 24 de abril de 2013

Intervenção BELVEDERE propõe reflexão sobre a memória da Casa de Dona Yayá





Residência centenária do Bixiga se converte em espaço
para intervenção Belvedere e programação paralela.
Eventos promovem releitura da história do local.
Abertura no dia 28 de abril, domingo. Entrada gratuita


De 28 de abril a 30 de junho, o solário da Casa de Dona Yayá recebe a intervenção “BELVEDERE”. Concebida pela artista Mariana Vaz, com a colaboração da também artista Mirella Marino e do arquiteto e cenógrafo José Silveira, “BELVEDERE” pretende, por meio de uma intervenção artística, discutir aquele solário, seus significados sociais e históricos.  O projeto foi contemplado pelo ProAC de Apoio a Projetos de Artes Visuais no Estado de São Paulo - 2012.


“Alteramos a altura do piso e transformamos o solário  em belvedere. O que antes era uma área de confinamento e, provavelmente, sofrimento sutil e vergonha, transfigura-se em área de desfrute e deleite, de onde se admira a paisagem, o jardim e a casa. Convidamos o visitante a experimentar um novo ângulo de apreciação da casa, do jardim e seus ocupantes. As paredes, que antes oprimiam, convertem-se  em guarda-corpo”, declara a artista.  


Ao construir-se a estrutura cenográfica do belvedere,  outro ambiente é criado: o vão interno, um claustro ou caverna. “Se o miradouro é o espaço da contemplação, o claustro é o limite levado ao extremo. Ali,  resquícios do que o solário um dia representou: restrição, prisão, cárcere, clausura. Nesse espaço, vestígios de sua história precedente: o sofrimento e tristeza que Dona Yayá teria ali sentido; o pesar por infligimos socialmente tais sofrimentos a muitas Yayás no passado e, infelizmente, ainda no presente”, diz Mariana.


Exíguo, o claustro permite apenas um visitante por vez. Adentra-se um lugar escuro, onde se ouve passos no belvedere. Assim também Dona Yayá, a enclausurada,  ouvia quem passasse pela casa, na rua ou no jardim. Nesse espaço, uma pequena televisão reproduz vídeo em loop.


Ativação de espaço histórico


A Casa da Dona Yayá, como é conhecido o imóvel situado à Rua Major Diogo 353, no bairro Bela Vista em São Paulo, foi transferida para a USP como herança jacente em 1961, após o falecimento da  proprietária, Sebastiana de Mello Freire, a Dona Yayá. Única e rica herdeira de propriedades, ela foi interditada depois de considerada incapaz de gerir sua fortuna, por “sofrer das faculdades mentais”. Depois da primeira manifestação da doença e de passar mais de um ano internada, um conselho médico decidiu que ela deveria mudar-se para um lugar mais calmo e tranquilo, uma chácara nos arrabaldes da cidade. Isto aconteceu em meados da década de 1920. Aí viveu por 40 anos, sendo cuidada e vigiada por familiares e empregados. Várias reformas foram realizadas na casa, de acordo com os tratamentos médicos prescritos, garantindo, quando necessário, o isolamento da interdita.


Durante 40 anos, a casa foi um hospício privado para sua rica moradora, considerada alienada numa época de parcos conhecimentos psiquiátricos e extremamente preconceituosa em relação às mulheres independentes e ousadas, como Yayá. Em uma das últimas reformas, foram construídos o jardim de inverno e o solário destinado aos banhos de sol da reclusa Yayá. Vale assinalar que estruturas arquitetônicas como o solário aí construídos são encontradas em hospitais psiquiátricos, mas não se tem notícia da existência de outra estrutura semelhante  erguida em casa particular no mundo.


Hoje o imóvel abriga o Centro de Preservação Cultural da USP, órgão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP, dedicado às temáticas do patrimônio cultural. A exposição se insere em um projeto periódico de intervenção no solário promovido pelo CPC.


Atividades paralelas

O ciclo “Leituras ignorantes para Yayá acontece nos dias 5, 19 e 26 de maio, domingos, às 11h. Como atividade paralela ao Belvedere, o ciclo propõe leituras coletivas nas quais todo o público é potencial leitor de materiais literários diversos, organizados em um roteiro dedicado à Dona Yayá. Quem quiser, toma a palavra e lê. Haverá cópias dos roteiros para todos. Integrante do projeto “Ensaios ignorantes, realizado desde 2011 a partir de diálogo com o livro “O mestre ignorante”, de Jacques Rancière, as “Leituras” propõem ações ensaísticas de digressão a partir do material lido coletivamente. Os delineamentos para as ações são dados a todos a cada dia, no início dos encontros.
No dia 30 de junho, domingo, às 11 horas, acontece a performance “BELVEdalário”, de Mariana Vaz.
Ficha Técnica "BELVEDERE"


Criação e Coordenação: Mariana Vaz
Colaboração : Mirella Marino e José Silveira
Arquitetura e Cenografia: José Silveira
Arte Gráfica: Mirella Marino
Animação: Rogério Nunes


Ficha técnica "Leituras Ignorantes para Yayá"


Idealização e direção: Juliana Jardim 
Ensaístas ignorantes: Juliana Jardim e Luiz Pimentel   
Músico convidado (dia 5/5): Thomas Rohrer 
Curadoria de textos e roteiro:  Juliana Jardim e Mariana Vaz


Serviço:


Evento: “Belvedere”, intervenção no solário por Mariana Vaz, Mirella Marino e José Silveira
Abertura: dia 28 de abril, domingo, às 11 horas
Período expositivo: de 29 de abril a 30 de junho de 2013

Atividades Paralelas

"Leituras Ignorantes para Yayá"
Dias 05, 19 e 26 de maio, domingos, às 11 horas

Performance "BELVEdalário"
Dia 30 de junho, domingo, às 11 horas

Local: Centro de Preservação Cultural da USP – CPC USP, Casa de Dona Yayá
Endereço: Rua Major Diogo, 353 – CEP 01324-001 – Bela Vista – São Paulo - SP
Telefone: (11) 3106 3562
Horários de funcionamento: de segunda a sexta, das 9 às 17 horas; 
domingos das 10 às 13 horas (exceto 12 de maio e 2 e 23 de junho). Não abre aos sábados
Entrada gratuita e livre para todos os públicos

Site: www.usp.br/cpc 

Mais informações para a imprensa:

Adelante Comunicação Cultural
Décio Hernandez Di Giorgi
Tel.: (11) 3589 6212 / 9 8255 3338



*Recebido por e-mail

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